quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Sinais de Pontuação

Pontos de Vista
         Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de Português quando estourou a discussão.
         — Esta história já começou com um erro — disse a Vírgula.
         — Ora, por quê? — perguntou o Ponto de Interrogação.
         — Deveriam me colocar antes da palavra "quando" — respondeu a Vírgula.
         — Concordo! — disse o Ponto de Exclamação. — O certo seria:
        "Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de Português, quando estourou a discussão".
       — Viram como eu sou importante? — disse a Vírgula.
       — E eu também — comentou o Travessão. — Eu logo apareci para o leitor saber que você estava falando.
       — E nós? — protestaram as Aspas. — Somos tão importantes quanto vocês. Tanto que, para chamar a atenção, já nos puseram duas vezes neste diálogo.
      — O mesmo digo eu — comentou o Dois-Pontos. — Apareço sempre antes das Aspas e do Travessão.
      — Estamos todos a serviço da boa escrita! — disse o Ponto de Exclamação. — Nossa missão é dar clareza aos textos. Se não nos colocarem corretamente, vira uma confusão como agora!
      — Às vezes podemos alterar todo o sentido de uma frase — disseram as Reticências. — Ou dar margem para outras interpretações...
     — É verdade — disse o Ponto. — Uma pontuação errada muda tudo.
     — Se eu aparecer depois da frase "a guerra começou" — disse o Ponto de Interrogação — é apenas uma pergunta, certo?
     — Mas se eu aparecer no seu lugar — disse o Ponto de Exclamação — é uma certeza: "A guerra começou!"
     — Olha nós aí de novo — disseram as Aspas.
     — Pois eu estou presente desde o comecinho — disse o Travessão.
     — Tem hora em que, para evitar conflitos, não basta um Ponto, nem uma Vírgula, é preciso os dois — disse o Ponto e Vírgula. — E aí entro eu.
     — O melhor mesmo é nos chamarem para trazer paz — disse a Vírgula.
     — Então, que nos usem direito! — disse o Ponto Final. E pôs fim à discussão.

Conto de João Anzanello Carrascoza, ilustrado por Will.
Revista Nova Escola - Edição Nº 165 - Setembro de 2003

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